A última sessão ordinária e a reunião de comissões da Câmara Municipal de Ariquemes expuseram um cenário de polarização e desvio de foco que tem gerado repercussão na cidade. Enquanto parte da legislatura se concentra na análise de projetos, a atuação de alguns parlamentares tem sido marcada por incidentes que levantam questionamentos sobre a prioridade e a qualidade do debate no Poder Legislativo.
O ponto de maior destaque e preocupação foi a demonstração de completo desconhecimento técnico por parte de um vereador durante a discussão de um projeto sobre o tema de Zoonoses. Na tentativa de argumentar sobre a matéria, o parlamentar afirmou que a Zoonoses teria sido instituída, no passado, para o controle de doenças como a gonorreia e a sífilis, que, segundo ele, “vinha do cachorro”.
A declaração gerou imediata indignação entre profissionais da saúde do município, que rapidamente se manifestaram em redes sociais e grupos de mensagens.
A correção factual é clara: Zoonose é uma doença infecciosa que pode ser transmitida de animais para humanos ou vice-versa, com exemplos comuns como raiva, leishmaniose e leptospirose. Por outro lado, a gonorreia e a sífilis são Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), causadas por bactérias e transmitidas, principalmente, por contato sexual desprotegido, não tendo relação com animais.
O episódio reforça a necessidade de maior preparo e embasamento técnico nos debates que envolvem a saúde pública.
Outro momento de tensão ocorreu durante a reunião das comissões, quando uma vereadora e uma servidora da Secretaria Municipal de Educação se envolveram em uma discussão acalorada.
A servidora apresentava um projeto de lei para a nomeação de uma creche, quando a vereadora aproveitou a oportunidade para criticar o Executivo Municipal, sugerindo uma “falta de conhecimento” da gestão. A representante da Secretaria rebateu a crítica, afirmando que a vereadora estava equivocada.
Com o tom da discussão subindo, a vereadora chegou a apontar o dedo na direção da servidora, que a confrontou publicamente: “abaixa o dedo vereadora, a senhora não está falando com suas amigas”. O vereador que presidia a reunião, precisou intervir para acalmar os ânimos e dar sequência aos trabalhos.
O desvio de foco dos trabalhos legislativos também foi evidenciado na sessão ordinária noturna. Um vereador, em seu primeiro mandato, utilizou a tribuna da Casa, espaço destinado a discussões de interesse público, unicamente para “zoar” um colega de trabalho. O parlamentar, flamenguista, parabenizou seu time e tirou sarro do colega palmeirense, chegando a enfatizar que, mesmo diante de projetos em pauta, falaria apenas sobre o assunto, dando ao entender que o título do time do coração estaria acima dos interesses da população.
Os incidentes, que variam entre o desconhecimento técnico em temas cruciais, a falta de decoro em debates com o Executivo e o uso da tribuna para assuntos pessoais, ilustram o desafio da atual legislatura em manter o foco nas demandas da população de Ariquemes, em um momento em que as articulações para o pleito de 2026 já começam a influenciar o ambiente político local.
Fonte: Ariquemes News