A postura do vereador Lucas Follador (Partido Novo) voltou a gerar polêmica nos bastidores da política de Ariquemes. Conhecido por se apresentar como um defensor ferrenho da liberdade de expressão e dos valores democráticos, o parlamentar protagonizou um ato que contraria frontalmente esse discurso: ingressou judicialmente contra uma página de notícias da cidade, alegando desconforto com uma publicação em que seu nome foi mencionado.
A publicação, alvo do processo, relatava fatos verdadeiros e amplamente reconhecidos nos bastidores políticos locais, inclusive por interlocutores próximos ao próprio vereador. A matéria não continha ataques pessoais nem inverdades, apenas fez menção à atuação política do parlamentar em determinado contexto público.
Decisão da Justiça
O parlamentar pediu que a Justiça concedesse uma liminar determinando "o imediato arquivamento do vídeo e que o requerido se abstenha de comentar esses fatos nas redes sociais ou qualquer outro fato pretérito e desassociado do mandato parlamentar atual que diga respeito a imagem e honra do requerente, exponha situação particular e/ou vexatória, por qualquer outro meio físico ou eletrônico." O Juiz da 4ª Vara Cível de Ariquemes negou o pedido.
Em sua justificativa, o Magistrado argumentou que "não há como se impedir que qualquer indivíduo tenha um perfil nas redes sociais e exerça o direito de crítica e manifestação do pensamento, apenas devendo ser coibidos os abusos praticados."
O juiz disse ainda que "no caso em questão, a parte autora alega que as informações divulgadas são inverídicas e prejudiciais, mas não há, até o momento, comprovação robusta de que os conteúdos extrapolam os limites da liberdade de expressão a ponto de justificar a censura ou remoção imediata."
O Vereador
A atitude de Follador tem sido classificada por analistas políticos e por membros da própria base legislativa como hipócrita e incoerente, já que o mesmo costuma frequentar tribunas e redes sociais exaltando a necessidade de “abrir o debate”, “ouvir a sociedade” e “respeitar o contraditório”. Na prática, no entanto, parece não suportar a crítica quando ela o alcança, optando pelo caminho da judicialização — justamente contra aquilo que ele diz defender: a liberdade de imprensa.
Para muitos, o ato soa como tentativa de silenciar a cobertura jornalística crítica, um gesto de autoritarismo velado incompatível com a postura democrática que Follador prega publicamente. Em tempos em que o respeito ao direito à informação se torna cada vez mais essencial para o fortalecimento das instituições, a incoerência do vereador chama atenção e provoca questionamentos: qual democracia o vereador Lucas Follador está disposto a defender? Aquela que o favorece, ou a democracia plena, que inclui o direito de ser criticado?
Enquanto o processo segue seu trâmite judicial, o caso serve como alerta sobre os riscos da seletividade no discurso político — e expõe, mais uma vez, o abismo que separa a retórica da realidade.
Por Redação